Cibersegurança na gestão de terceiros: protegendo dados sensíveis

Em um cenário em que vazamentos de dados se tornam cada vez mais frequentes e sofisticados, a gestão de terceiros emerge como uma das frentes mais críticas da cibersegurança corporativa.
Fornecedores, parceiros e prestadores de serviço que têm acesso a sistemas, redes ou dados sensíveis da organização representam um elo vulnerável, e que precisa ser protegido com rigor.
Neste artigo, exploramos como estruturar uma estratégia robusta de cibersegurança na gestão de terceiros, trazendo dados atualizados, boas práticas e recomendações aplicáveis à realidade de empresas brasileiras.
Por que a cibersegurança na gestão de terceiros exige atenção redobrada?
Conforme a cadeia de valor se torna mais integrada e digital, os limites entre o que é interno ou externo à empresa se tornam mais complexos.
Muitos terceiros operam com níveis de acesso que os colocam no mesmo nível de risco que colaboradores internos, sem, no entanto, passarem pelos mesmos crivos de segurança.
Segundo o Relatório de Maturidade em Cibersegurança da Anatel, o Brasil ocupa a 2ª posição entre os países das Américas no ranking de maturidade em cibersegurança.
Apesar disso, segundo pesquisa de 2025 desenvolvida pela Cisco a estagnação dos investimentos na área tem preocupado especialistas
Isso porque, apesar de estar acima da média global no índice de maturidade em cibersegurança, apenas 5% das empresas brasileiras atingiram o patamar considerado "maduro"
Um dos fatores críticos é a fragilidade no controle de terceiros, principalmente quando a empresa não possui diretrizes claras sobre cibersegurança nos contratos ou no onboarding desses parceiros.
Principais riscos associados à cibersegurança de terceiros
Dentre os principais riscos que ameaçam a segurança dos dados no ambiente digital, destacam-se:
1. Vazamento de dados sensíveis
Terceiros que manipulam informações confidenciais, como dados de clientes, contratos, projetos técnicos ou informações financeiras, podem, acidentalmente ou intencionalmente, expor essas informações.
2. Ataques via acesso remoto
A concessão de acessos a sistemas corporativos, sem políticas de autenticação forte e controle de sessões, pode abrir portas para invasões.
3. Falta de padronização nas práticas de segurança
Cada fornecedor adota seu próprio nível de maturidade em segurança da informação. Sem critérios mínimos exigidos pela contratante, a empresa assume riscos de forma passiva.
4. Fragilidade contratual
A ausência de cláusulas específicas sobre segurança cibernética, confidencialidade, auditoria e penalidades em caso de violação dificulta a responsabilização e a mitigação de danos.
Como estruturar uma política eficiente de cibersegurança na gestão de terceiros?
A construção de uma política eficiente de cibersegurança na gestão de terceiros exige a adoção de práticas bem definidas. Confira a seguir as etapas fundamentais:
1. Mapeie os riscos dos relacionamentos com fornecedores
O primeiro passo é identificar quais fornecedores acessam dados, redes ou sistemas internos. Esse mapeamento de riscos deve considerar:
- Tipo de serviço prestado;
- Tipo de acesso concedido (sistemas, rede, dados);
- Nível de criticidade das informações acessadas.
Com base nessas informações, crie uma matriz de risco para categorizar os terceiros e definir as exigências de segurança específicas para cada grupo.
2. Estabeleça requisitos mínimos de segurança
Para que os relacionamentos com fornecedores sejam seguros desde o início, inclua critérios obrigatórios nas fases de seleção e contratação. Exemplos:
- Políticas de backup e recuperação de dados;
- Uso de autenticação multifator;
- Atualizações e patches de segurança regulares;
- Certificações como ISO 27001 ou NIST Cybersecurity Framework;
- Política de segurança da informação documentada.
3. Formalize cláusulas contratuais de cibersegurança
Os contratos com fornecedores devem contemplar cláusulas específicas sobre:
- Responsabilidades de proteção de dados;
- Procedimentos em caso de incidente;
- Obrigação de notificação imediata em caso de falhas;
- Direito de auditoria e verificação dos controles de segurança;
- Multas ou sanções em caso de descumprimento.
Essas cláusulas fortalecem juridicamente a empresa em caso de incidentes envolvendo terceiros.
4. Implemente processos de due diligence e auditoria contínua
Antes da contratação, realize avaliações formais (due diligence) sobre o histórico de segurança e a estrutura tecnológica dos fornecedores. E, após o início da operação:
- Faça auditorias periódicas (remotas ou presenciais);
- Solicite evidências de conformidade;
- Exija relatórios de vulnerabilidade e certificações.
Esse monitoramento contínuo reforça a confiança nos relacionamentos com terceiros.
5. Controle de acessos e segregação de ambientes
Nunca conceda mais acesso do que o estritamente necessário. Princípios como o "acesso mínimo" e a segregação de ambientes são fundamentais. Além disso:
- Utilize VPNs seguras;
- Monitore o uso de credenciais;
- Revogue acessos imediatamente ao fim do contrato.
6. Conscientização e integração à cultura de segurança
É comum que terceiros não tenham o mesmo nível de consciência sobre boas práticas digitais.
Por isso, invista em ações de sensibilização, treinamentos e comunicações frequentes. Isso alinha expectativas e previne comportamentos de risco.
Cibersegurança e compliance: uma aliança estratégica
A Deloitte apontou em sua última pesquisa sobre cibersegurança que empresas com maior maturidade digital são também as que mais investem em políticas estruturadas de relacionamento com terceiros.
Esse alinhamento entre cibersegurança, compliance e gestão de terceiros fortalece a governança e amplia a resiliência do negócio.
Em tempos de LGPD e aumento da fiscalização, proteger dados não é apenas uma escolha técnica, é uma exigência legal e reputacional.
Indicadores para acompanhar a eficácia da segurança com fornecedores
Alguns KPIs úteis:
- Percentual de terceiros com contratos atualizados com cláusulas de cibersegurança;
- Tempo médio de resposta a incidentes envolvendo terceiros;
- Quantidade de acessos remotos monitorados;
- Taxa de fornecedores auditados anualmente;
- Volume de não conformidades identificadas.
Esses indicadores ajudam a acompanhar o progresso da política e tomar decisões baseadas em dados.
Confiança é construída com processos e tecnologia
A gestão de terceiros segura é mais do que uma responsabilidade de TI. Ela demanda uma abordagem colaborativa entre áreas jurídicas, compliance, segurança da informação e suprimentos.
Empresas que estruturam essa frente com critérios claros, tecnologia apropriada e visão estratégica protegem seus ativos, evitam sanções regulatórias e constroem relacionamentos mais confiáveis.
Se a sua empresa está em busca de mais eficiência e segurança na gestão de terceiros, conte com a wehandle. Nossas soluções ajudam a transformar riscos em governança e fornecedores em aliados estratégicos.