Segurança do trabalho para terceiros: como aplicar na prática?

A terceirização se consolidou como uma estratégia essencial para otimizar recursos, ampliar a capacidade operacional das empresas e fortalecer a segurança do trabalho para terceiros.
No entanto, ela também carrega riscos significativos, principalmente quando envolve atividades em áreas críticas.
Nesse cenário, garantir a segurança do trabalho para terceiros é uma necessidade estratégica para proteger pessoas, preservar a reputação da marca e mitigar passivos trabalhistas e jurídicos.
Entenda sobre os principais desafios e soluções para uma gestão eficiente da segurança nas operações terceirizadas.
Terceirização sob pressão: o que está em jogo?
O crescimento da terceirização no Brasil é um movimento consolidado. De acordo com pesquisa da IPEA, mais de 22% dos trabalhadores brasileiros atuam de forma terceirizada.
Esse número tende a crescer, principalmente nos setores de construção, logística, energia e infraestrutura, todos com alta exposição a acidentes e doenças ocupacionais.
A contratante, ainda que não seja a empregadora direta, pode ser responsabilizada por acidentes ou irregularidades envolvendo prestadores de serviço.
Esse é o princípio da responsabilidade solidária ou subsidiária, previsto na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), especialmente quando há falhas na fiscalização e no cumprimento das normas de segurança.
Segurança do trabalho para terceiros: obrigação compartilhada
Ao contratar terceiros, a empresa não transfere a responsabilidade pela saúde e segurança dos trabalhadores.
Pelo contrário, precisa adotar mecanismos de controle e fiscalização que estejam em conformidade com as legislações aplicáveis, como a NR 10 (instalações elétricas) e a NR 35 (trabalho em altura), entre outras normas regulamentadoras.
Além disso, a Lei 13.429/2017 exige que a contratante fiscalize as condições de trabalho oferecidas pelos parceiros, incluindo EPIs, treinamentos, exames ocupacionais e controle de jornada.
Gestão de terceiros em áreas de risco: o que considerar?
A presença de terceiros em áreas classificadas como críticas, como espaços confinados, estruturas elevadas ou instalações elétricas, exige cuidados ainda mais rigorosos. Nesse contexto, destacam-se algumas boas práticas:
1. Mapeamento e categorização das áreas de risco
Antes mesmo da contratação, é fundamental que a empresa identifique quais ambientes da operação exigem atenção especial. Com base nesse diagnóstico, é possível:
- Determinar os requisitos mínimos de qualificação dos prestadores;
- Exigir treinamentos específicos (como NR-10, NR-13, NR-33 e NR-35);
- Estabelecer critérios técnicos na seleção e nos contratos;
- Antecipar medidas de mitigação de riscos.
2. Clareza contratual e alinhamento de responsabilidades
Todo contrato com fornecedores que atuam em áreas de risco deve conter cláusulas específicas sobre:
- Normas de segurança a serem seguidas;
- Frequência de treinamentos e reciclagens;
- Obrigatoriedade do uso de EPIs homologados;
- Plano de resposta a emergências;
- Penalidades em caso de descumprimento.
Além disso, é recomendável prever auditorias e inspeções periódicas por parte da contratante.
3. Treinamentos contínuos e integrados
A segurança do trabalho não se resume a treinamentos obrigatórios. A cultura de segurança precisa ser reforçada de forma recorrente, com a participação conjunta de equipes próprias e terceirizadas.
Integrar terceiros às ações de sensibilização, simulações e campanhas internas é um passo fundamental para reforçar o compromisso com a vida.
Os riscos trabalhistas na terceirização e como evitá-los
Artigo do JusBrasil aponta que a terceirização mal gerida é um dos principais fatores de processos trabalhistas. Dentre os riscos mais recorrentes estão:
- Falta de registro ou vínculo irregular;
- Jornada de trabalho excessiva ou não controlada;
- Ausência de equipamentos de proteção adequados;
- Descumprimento de normas técnicas;
- Acidentes graves por negligência;
- Substituição ilegal de atividades-fim.
Essas falhas não só comprometem a integridade física dos trabalhadores como também expõem a empresa a sanções severas, como:
- Multas por infrações à legislação trabalhista;
- Indenizações por danos morais e materiais;
- Interdições administrativas (via MPT ou MTE);
- Prejuízos à reputação da marca.
Como estruturar uma estratégia robusta de segurança para terceiros
A seguir, destacamos pilares fundamentais para garantir segurança e conformidade nas operações terceirizadas:
1. Due diligence na contratação
Investigue o histórico dos fornecedores antes da contratação:
- Verifique certidões negativas de débitos;
- Avalie práticas anteriores de segurança e compliance;
- Analise as políticas internas da prestadora.
2. Checklist e documentação completa
Tenha um processo padronizado de controle documental:
- Cópias de treinamentos obrigatórios (NRs);
- ASOs e exames periódicos;
- Comprovação do fornecimento de EPIs;
- Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR);
- ARTs de responsáveis técnicos.
3. Monitoramento e indicadores de performance
Estabeleça KPIs de segurança para monitorar os fornecedores terceirizados:
- Taxa de incidentes por equipe ou contrato;
- Percentual de treinamentos em dia;
- Número de não conformidades identificadas;
- Índice de atendimento a auditorias.
4. Tecnologia como aliada
O uso de plataformas digitais para centralizar informações, controlar prazos e acompanhar o desempenho dos terceiros é hoje indispensável.
Em suma, com ferramentas adequadas, é possível garantir rastreabilidade, padronização e agilidade no controle de riscos.
Segurança como valor compartilhado
Adotar uma abordagem robusta de segurança do trabalho para terceiros não é apenas uma medida de proteção legal, é uma postura ética e estratégica.
Empresas que priorizam a vida, a integridade e o bem-estar em toda a sua cadeia de atuação constroem uma reputação mais sólida, atraem parceiros confiáveis e reduzem significativamente seus passivos.
Por isso, investir na gestão de terceiros em áreas de risco e prevenir o risco trabalhista na terceirização deve ser prioridade na agenda de qualquer organização que busca crescer com responsabilidade.
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