Gestão de fornecedores: papel do setor de compras e do jurídico
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A gestão de fornecedores é hoje um dos pilares estratégicos da governança corporativa.
Isso se intensifica em um cenário onde a terceirização cresce, as exigências de conformidade aumentam e os riscos reputacionais estão cada vez mais sensíveis.
Uma pesquisa sobre Gestão de Riscos de Terceiros da KPMG revelou que 73% das empresas sofreram ao menos uma interrupção significativa causada por terceiros nos últimos três anos, um reflexo direto da má gestão na cadeia de fornecedores.
Esse dado evidencia a vulnerabilidade das cadeias de suprimentos diante de falhas na gestão de fornecedores, reforçando a importância de processos eficazes na seleção e acompanhamento desses parceiros.
Nesse contexto, o setor de compras e o jurídico deixam de atuar isoladamente para ocupar papéis centrais na estruturação de processos mais seguros, eficientes e alinhados à legislação.
Mais do que negociar preços ou mitigar passivos, essas áreas passam a integrar uma engrenagem conjunta de qualificação, homologação, análise e acompanhamento constante dos parceiros externos.
Neste artigo, você vai entender por que compras e jurídico devem atuar lado a lado na gestão de fornecedores e como essa colaboração impacta diretamente a solidez da cadeia de valor.
A importância da gestão de fornecedores na governança corporativa
Empresas com visão estratégica já não enxergam seus fornecedores apenas como prestadores de serviço ou canais de insumo.
Eles são parte ativa da entrega de valor ao cliente final e, portanto, precisam atender aos mesmos padrões éticos, técnicos e legais exigidos internamente.
Negligenciar a gestão de fornecedores pode comprometer diretamente a operação, a imagem e a sustentabilidade do negócio.
Nesse cenário, é indispensável adotar uma abordagem multidisciplinar, onde o setor de compras garante a eficiência e a viabilidade comercial dos contratos.
Ao mesmo tempo, o departamento jurídico assegura conformidade legal e mitigação de riscos, protegendo a empresa de possíveis passivos e prejuízos.
Compras e jurídico: uma atuação complementar
Compras: eficiência e rastreabilidade
O setor de compras tem como papel central conduzir a escolha de fornecedores com base em critérios de custo, prazo, qualidade e entrega.
Porém, esse papel evoluiu. Hoje, esse departamento também deve zelar pela rastreabilidade das contratações, integrando critérios de responsabilidade socioambiental, segurança e regularidade fiscal e trabalhista.
Na prática, cabe a compras:
- Conduzir processos estruturados de qualificação de fornecedores;
- Solicitar documentações obrigatórias e certificações técnicas;
- Integrar indicadores de desempenho na escolha e monitoramento de terceiros;
- Automatizar o onboarding e a checagem periódica de documentos;
- Centralizar informações em sistemas integrados para facilitar auditorias.
Essa atuação preventiva reduz falhas operacionais e evita o envolvimento com parceiros que possam representar riscos ocultos.
Jurídico: mitigação de riscos e blindagem legal
Já o setor jurídico atua como guardião da conformidade e da reputação da empresa.
Sua responsabilidade vai além da revisão contratual: ele deve antecipar riscos legais e zelar por cláusulas que protejam a organização em casos de litígios.
Também deve atuar na mitigação de passivos trabalhistas e prevenir o envolvimento de terceiros em atividades ilícitas.
Entre suas funções estratégicas, estão:
- Definir os critérios legais para a homologação de fornecedores;
- Estabelecer os termos e cláusulas contratuais de compliance, responsabilidade solidária e proteção de dados (LGPD);
- Avaliar implicações jurídicas de fornecedores com histórico duvidoso;
- Apoiar a construção de políticas de relacionamento com terceiros;
- Integrar due diligence jurídica nos processos de qualificação.
Segundo a Lei Anticorrupção, a empresa pode ser responsabilizada por atos ilícitos cometidos por terceiros em seu benefício, mesmo sem culpa direta.
Daí a importância de o jurídico estar envolvido desde as fases iniciais de contratação.
Como alinhar as áreas para uma gestão de fornecedores eficiente?
Alinhar as estratégias dos departamentos de compras e jurídico não é apenas uma boa prática.
É uma medida de sobrevivência e competitividade. A seguir, veja as principais etapas para construir esse alinhamento de forma prática.
1. Criar uma política integrada de homologação
A homologação de fornecedores deve ser padronizada por uma política clara e acessível, desenvolvida em conjunto por compras, jurídico e compliance.
Essa política precisa detalhar:
- Quais documentos são exigidos;
- Quem pode homologar fornecedores dentro da organização;
- Quais riscos são inaceitáveis;
- Quais certificações e comprovações são mandatórias;
- Prazos e critérios para reapresentação de documentos ou revalidação.
Esse modelo evita decisões unilaterais e cria um critério uniforme para toda a empresa.
2. Definir critérios robustos de qualificação e análise
A qualificação de fornecedores vai além da análise de preços. Ela deve considerar aspectos operacionais, reputacionais e legais. Um processo ideal envolve:
- Aplicação de questionários de due diligence;
- Consulta a listas restritivas (CEIS, CNEP, OFAC);
- Análise de processos judiciais em andamento;
- Verificação de autuações em órgãos como Ministério do Trabalho e Receita Federal;
- Monitoramento de reputação em notícias e redes sociais;
- Validação de boas práticas ESG.
A análise de fornecedores torna-se, assim, uma prática recorrente e automatizada, não pontual.
3. Incluir cláusulas de responsabilidade e compliance nos contratos
O contrato é uma das principais ferramentas para mitigar riscos com terceiros. É fundamental que o jurídico insira cláusulas específicas relacionadas a:
- Responsabilidade solidária/subsidiária em casos trabalhistas;
- Compromisso com normas anticorrupção e LGPD;
- Direito de auditoria pela contratante;
- Obrigatoriedade de atualização documental periódica;
- Penalidades em caso de não conformidade.
Isso permite que a empresa tome medidas corretivas, caso o fornecedor descumpra normas estabelecidas.
4. Integrar sistemas e automatizar o monitoramento
A tecnologia é um elo essencial entre compras e jurídico.
Plataformas especializadas em gestão de fornecedores, como a wehandle, permitem centralizar informações, automatizar alertas, gerar indicadores e rastrear a documentação em tempo real.
Além disso, tornam o processo auditável, reduzem a carga operacional e aumentam a transparência no relacionamento com terceiros.
Indicadores que mostram a maturidade da gestão de fornecedores
Medir o desempenho é essencial para ajustar estratégias. Abaixo, alguns indicadores úteis:
- Percentual de fornecedores homologados com base na política interna;
- Número de atualizações documentais realizadas no prazo;
- Taxa de reprovação em auditorias ou due diligence;
- Incidência de fornecedores com pendências legais ou fiscais;
- Tempo médio para homologação ou descredenciamento;
- Nível de engajamento das áreas de compras e jurídico em auditorias.
Esses KPIs ajudam a mapear gargalos e demonstrar a solidez da governança da cadeia de fornecimento.
Compras + Jurídico: parceria que gera valor
A gestão de fornecedores não pode ser delegada a um único setor. É a colaboração entre áreas que garante escolhas mais seguras, contratos mais sólidos e parcerias mais estratégicas.
Compras asseguram eficiência e rastreabilidade; jurídico entrega segurança jurídica e mitigação de passivos.
Em um ambiente cada vez mais regulado, competitivo e interdependente, alinhar essas áreas é o caminho mais inteligente para transformar a gestão de terceiros em um diferencial competitivo.
Se você quer estruturar uma gestão de fornecedores mais eficiente, com rastreabilidade, segurança jurídica e tecnologia de ponta, conte com a wehandle.