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Como documentar corretamente a relação com prestadores PJ?

Escrito por Time wehandle | Aug 5, 2025 1:00:00 PM

Na busca por mais agilidade, especialização e redução de custos, muitas empresas estão optando por contratar profissionais com base em um contrato de prestador PJ (Pessoa Jurídica).

Essa escolha estratégica deve ser feita com base em um uma documentação bem estruturada e alinhada à legislação vigente, a fim de garantir segurança jurídica e conformidade.

No entanto, a prática de pejotização, que pode ser estratégica quando bem executada, também esconde riscos relevantes quando não há um cuidado na formalização da relação.

Documentar corretamente o contrato de prestador PJ é uma etapa essencial para proteger a empresa juridicamente e garantir conformidade trabalhista.

Neste artigo, vamos aprofundar os principais cuidados na formalização dessa contratação, apresentar os riscos envolvidos e orientar como estruturar uma relação contratual segura e transparente.

Por que a formalização do contrato com prestador PJ é tão importante?

Ao contratar um profissional PJ, a empresa está, do ponto de vista legal, firmando uma relação entre duas pessoas jurídicas, e não uma relação empregatícia tradicional (CLT).

Isso significa que os direitos e obrigações devem estar muito bem descritos em contrato, respeitando os limites legais para que essa relação não seja desqualificada pela Justiça do Trabalho.

Quando a contratação não é bem documentada, a empresa corre o risco de sofrer um processo trabalhista com alegação de vínculo empregatício.

Diante disso, as consequências podem ser graves: multas, encargos retroativos, indenizações, além de danos à reputação da marca.

Segundo artigo publicado pelo UOL, o número de ações trabalhistas envolvendo pejotização aumentou significativamente nos últimos anos, refletindo a atenção redobrada da Justiça sobre essa prática.

Pejotização: o que é e como lidar com responsabilidade?

A pejotização é um termo usado para descrever situações em que profissionais atuam como Pessoa Jurídica, mas exercem funções com características semelhantes às de um vínculo empregatício.

Entre esses elementos estão a subordinação, a habitualidade e a exclusividade na prestação de serviços, o que exige atenção especial na formalização da contratação.

Isso não significa que a prática seja ilegal por si só. A contratação via PJ é legítima e vantajosa para muitas empresas e profissionais, desde que bem estruturada e documentada.

O que deve ser evitado é a informalidade ou a ausência de critérios claros, que podem levar à desconfiguração da natureza comercial da relação.

Por isso, o primeiro passo é entender como formalizar um PJ corretamente, com base na autonomia, no escopo de serviços e na liberdade contratual.

Como formalizar a relação com um prestador PJ?

Formalizar corretamente a relação com um prestador PJ exige mais do que um contrato assinado.

É preciso estabelecer parâmetros claros que demonstrem a autonomia do profissional, além de cláusulas que garantam segurança jurídica para ambas as partes.

1. Elabore um contrato com cláusulas específicas

O contrato com prestador PJ deve conter cláusulas que:

  • Descrevam detalhadamente o escopo dos serviços;
  • Estabeleçam prazos de entrega ou metas, em vez de jornada de trabalho;
  • Definam a remuneração por projeto, tarefa ou período, e não salário mensal;
  • Deixem claro que não há subordinação hierárquica;
  • Indiquem que o prestador pode atender outros clientes;
  • Prevejam as condições de rescisão contratual.

Esse documento é a principal prova da natureza comercial da relação. Evite termos típicos de relações CLT, como “folha de pagamento”, “salário”, “avaliação de desempenho”, entre outros. 

2. Comprove a regularidade do prestador

Antes de assinar o contrato, certifique-se de que o prestador está com o CNPJ ativo e regularizado. Além disso, solicite:

  • Cartão CNPJ atualizado;
  • Comprovante de inscrição municipal (em caso de prestação de serviço);
  • Notas fiscais emitidas corretamente;
  • Certidões negativas de débitos tributários.

Esses documentos ajudam a demonstrar a independência da empresa contratada e sua atuação como prestadora de serviços.

3. Respeite a autonomia do profissional

Mesmo que o prestador esteja fisicamente presente na empresa, é essencial garantir sua autonomia. Isso significa:

  • Não exigir controle de ponto;
  • Não determinar local fixo ou exclusivo de trabalho;
  • Não oferecer benefícios típicos de CLT (como vale-transporte, plano de saúde);
  • Não aplicar advertências disciplinares.

Qualquer atitude que simule uma relação empregatícia pode ser usada como prova em uma ação trabalhista.

O papel da documentação na proteção da empresa

Documentar corretamente a relação com prestadores PJ vai além do contrato.

A empresa deve manter um dossiê atualizado com todas as evidências que demonstrem a natureza autônoma da prestação de serviço, como:

  • Propostas e orçamentos aprovados;
  • Comprovantes de pagamento por serviço;
  • Relatórios de entrega ou performance por projeto;
  • Notas fiscais emitidas;
  • Trocas de e-mails e comunicações que mostrem acordos comerciais.

Além disso, é recomendável revisar periodicamente os contratos, especialmente se o escopo do serviço mudar ou se a relação se prolongar além do previsto.

Quando a contratação PJ é realmente indicada?

Contratar via PJ faz sentido em contextos como:

  • Projetos pontuais ou com prazo determinado;
  • Serviços especializados que exigem expertise técnica;
  • Atividades com escopo bem definido e metas mensuráveis;
  • Profissionais que atuam de forma consultiva, sem subordinação.

Vale salientar que, empresas devem analisar caso a caso, considerando o tipo de função, os custos envolvidos e os riscos jurídicos.

O que muda após a decisão do STF sobre contratação de PJs?

Matéria publicada pelo portal Poder 360, destacou a decisão em 2024 por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a terceirização ou contratação de PJs é lícita, mesmo quando envolve atividades-fim da empresa, desde que não haja vínculo empregatício disfarçado.

A decisão reforça a importância de comprovar a autonomia do prestador e manter contratos bem elaborados.

Embora traga maior segurança jurídica para as empresas, a medida também exige mais responsabilidade na formalização.

Consequências da má formalização

Quando não há atenção à formalização e documentação adequada da relação PJ, as empresas podem enfrentar desafios significativos.

Isso não significa que a pejotização deva ser evitada a todo custo, mas sim que ela precisa ser conduzida com critérios claros e em conformidade com a legislação.

As principais penalidades que uma empresa pode enfrentar incluem:

  • Reconhecimento de vínculo empregatício com o pagamento de todos os encargos trabalhistas retroativos;
  • Multas por descumprimento da legislação trabalhista;
  • Danos à imagem e reputação da marca;
  • Passivos trabalhistas que comprometem o fluxo de caixa.

Além disso, se a prática for recorrente, a empresa pode entrar na mira de auditorias fiscais e ações civis públicas.

Como a tecnologia pode ajudar na gestão de contratos com PJs?

Ferramentas de gestão de terceiros e automação contratual são grandes aliadas para organizar e centralizar as informações sobre prestadores PJ. Com essas soluções, é possível:

  • Armazenar e acessar contratos digitalmente;
  • Monitorar prazos de vigência;
  • Automatizar a coleta de documentos;
  • Criar alertas de renovação ou encerramento;
  • Garantir rastreabilidade e compliance.

A plataforma da wehandle é uma opção robusta para empresas que desejam transformar a gestão de terceiros em um processo seguro, eficiente e em conformidade com as normas vigentes.

Checklist para o contrato de prestador PJ com segurança

Antes de finalizar a contratação de um PJ, revise os seguintes pontos:

  • Verifique a regularidade do CNPJ;
  • Solicite documentos comprobatórios (certidões, notas fiscais);
  • Elabore um contrato claro, com cláusulas de escopo, remuneração e autonomia;
  •  Evite qualquer prática que simula vínculo empregatício;
  • Mantenha um dossiê completo da relação contratual;
  • Use a tecnologia para organizar e monitorar os contratos.

Contrato bem documentado é escudo contra riscos

Em tempos de transformação digital e flexibilização das relações de trabalho, a contratação de prestadores PJ pode ser estratégica, mas precisa ser feita com responsabilidade.

Ao estruturar um contrato com prestador PJ de forma clara e legalmente segura, sua empresa protege-se de passivos trabalhistas, reforça sua governança e estabelece relações mais saudáveis com os parceiros.

Lembre-se: mais do que evitar a pejotização, o objetivo é conduzir essa prática de forma transparente, legal e vantajosa para ambas as partes, empresa e prestador PJ.

Se você deseja implementar um processo de contratação com mais controle e conformidade, conte com a wehandle para apoiar sua jornada com tecnologia, rastreabilidade e segurança jurídica.